quarta-feira, 27 de julho de 2011

PA(REDE) SOCIAL

Postei no twitter a seguinte frase:

“ Twitter: A forma mais avançada de se falar com as paredes...” 

Por uns instantes, essa frase gerou uma certa discussão, uma discussão boa, pois, algumas pessoas se identificaram com a tal frase.
A frase em questão me fez pensar em quão grande tornou-se “a parede” que nos cercam, parede esta, que nenhuma marreta de 5kg ousa derrubar, que não se pinta, que não se picha ou se grafita, parede sem quadros...
A parede tornou-se as redes sociais, falar com as paredes tornou-se normal.
Twitter, Facebook, Orkut, Flirck, Blog, Google+ e outros diabos... Realmente estamos presos entre Pa(redes) Sociais.


PA(REDE) SOCIAL

Com a minha parede converso
Grito versos, palavras, poemas
Muitos tijolos tampam os ouvidos
Outros tijolos dão RT

Na minha parede
Não cabem os quadros do Da Vinci
Tampouco relógios cucos
Tão nunca coração desenhado com batom

♪ “Cabe uma penteadeira” ♫
Não...

Às vezes cabe um pouco
De alegrias tristes
Em noites diurnas
Noutras, tristezas alegres
Em dias noturnos 

Na minha parede cabem
140 caracteres
Bits e bytes
E muitos tijolos falantes
Que pouco ouvem

Tijolos que amam
Que odeiam
Tijolos que nem amam
Nem odeiam

Tijolos que ficam
Em cima da parede
E dão Unfollow

Nesta parede evoluída
#NadaTudoCabe
E assim a parede vai crescendo

Nessa Parede
Só me basta
Pendurar a @Rede
E deitar...




Caranguejúnior










terça-feira, 26 de julho de 2011

ENCARCERADO

Em mim
Há um poema preso

Preso entre costelas de aço
Muros altos
Arames farpados
E câmeras bigbrother-ônicas espalhadas

Há um poema preso
Em mim

Condenado ele foi
Pois agrediu pensamentos
Roubou atenção
Assassinou métricas

Há um poema preso
Dentro de mim

Está sentenciado
Pois descumpriu regras
Infringiu leis
Burlou normas super corretassss

Cumprirá sua pena
Encarcerado num coração pequeno
Superlotado de rascunhos
E versos perigosíssimos

Sem direito
A banho de sol
E visita íntima

Este poema é fugitivo
É reincidente
Sua ficha é extensa

Este poema senhores
É marginal...




Caranguejúnior



quinta-feira, 21 de julho de 2011

DEVORAMOR

Naquela noite, o amor entrou na minha casa, sem bater e saiu comendo tudo o que via pela frente.

Comeu meus tênis, meus lençóis, o calendário da parede, meu barbeador, devorou minhas roupas, engoliu meu PC, comeu meus cadernos e meus livros. Comeu minha camisa do Sport, meu boné, até os CDs de frevo e uma garrafa de Campari pela metade, comeu meu celular, meus documentos, comeu um Poema inacabado e um chinelo velho. Devorou minhas meias, minhas cuecas, meu travesseiro, comeu minha cama, tomou meu perfume, comeu meu pandeiro, minha gaita, comeu meu guarda roupa...
Saiu comendo tudo na cozinha, minha geladeira, meu fogão, a garrafa de café que estava quebrada, devorou a mesa, os copos, comeu três panos de prato, comeu as travessas, os "tapoé"... Correu pra sala e danou-se a comer o sofá, a TV, o aparelho de som, as cortinas, comeu a mesa de centro e as flores artificiais que enfeitavam os cantos do recinto. Comeu as paredes da minha casa, o piso, o telhado, devorou as vigas como se fosse spaguetti, engoliu as colunas, chupou tijolo por tijolo.

Voltou para mim com aqueles olhos grandes e começou...

Comeu meus medos, minha falta de esperança, minha intolerância, minhas angústias, comeu as raivas, as descrenças, comeu minha insegurança, minhas ilusões, comeu meu egoísmo e meu orgulho... Devorou todo o ódio e desamor que havia em mim.

Quando dei conta, o amor já estava devorando o meu Mundo!

Por fim, quando pensei que aquilo tudo havia acabado, o amor olhou no fundo dos meus olhos, e me comeu...

Saiu lambendo os dedos, enquanto eu descia por sua goela abaixo... Sorrindo, agradecido e pensando: “Onde é que ele estava que não havia passado por aqui antes??”







PS: Tudo voltou ao normal, pois, a única coisa que o amor não havia comido, tocou as seis da matina... A PORRA DO DESPERTADOR!





 Fim.







Caranguejúnior