quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

VERBO SOL

   
Eu verei
Tu verás
Ele verá
Nós veremos
Vós vereis
Ele...
 
O verão


Caranguejúnior

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

AMARELINHA


Tu e eu
Vamos jogar
Nas ruas
Da vida

Nosso destino
Foi desenhado
Com giz e tijolo
Nas calçadas do mundo

Haverão dias de céu
E aqueles de pleno inferno
Pra esse último
A gente dá
Nossos pulos

Nesse fácil
Jogo difícil
Só não vale cair
Sair da risca
Pisar nas pedras (do caminho)
Pular a cerca...

Pois
Amar é linha
Viva
E arde




Caranguejúnior

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

NUMEROLOGIA PARA HOJE



Hoje, onze do onze de dois mil e onze
As dicas são:

Não exagere na 
Cinquenta e um

Pratique o esporte meia nove 
Às nove e meia

E tome cuidado 
Para você não ficar 
Treze.



Caranguejúnior

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

NEM (vem)


O traficante nem é preso
O traficante, nem é preso
O traficante Nem, é preso

Depende da vírgula
Ou da ausência dela

E a polícia é reticência
Ainda é um crase grave
 


Caranguejúnior

OLHA O PENTE, OLHA O PENTE, OLHA O PENTE...



Acordei, lavei o rosto e o resto, penteei os cabelos frisados
Vi meus sonhos grudados, nos dentes do pente
Sonhos desfiados, revirados...
Da próxima vez, não me esquecerei de passar 
Um creme alisante
Anti frisos, anti sonhosdespedaçantes
Talvez kolene Pantene Sonhêne ou Biorene 
(Quem me indicou foi Marlene)
Ou um Hairfly, Rélai, vaideretosatanás...   
(Ou qualquer coisa dessas que termine em ENE ou em AI)

Só assim, creio que tais sonhos ficarão grudados 
Na minha cabeça de ideias crespas
Contudo, ainda sigo sonhando
Esses meus sonhos despenteados, quebradiços e sem queratina

Um dia ainda há de serem fortes, sedosos e brilhantes.



Caranguejúnior

terça-feira, 8 de novembro de 2011

ASTROLOGIA PARA HOJE


Com um Asteroide sobrevoando a cabeça da Terra
Todos os regentes da Lua picaram a mula:

Marte correu tanto que caiu e arranhou o joelho (passou Mercúrio)

Saturno pegou suas malas e seus anéis e foi pra casa de Plutão (longebagarai)

Júpiter e Vênus desceram a serra e foram ver o mar com Netuno

Urano, velho malandro, se escondeu atrás da ursa maior

Já o sol...

Solicitou ao Pequeno Príncipe, que dá próxima vez
Utilizasse seu velho pequeno cometa para dar um rolê pela galáxia
Caso contrário irá fumar a pedrinha...




Caranguejúnior

domingo, 6 de novembro de 2011

MÃOS AO ALTO!



Menina, não vai adiantar correr
Tampouco se esconder
Nem ligar pra polícia
Chamar a imprensa
Colocar no youtube
Reclamar no twitter
E decifrar a seguinte equação: 

e + o = Car + alho a4

Rezar uma novena?
Apelar pro Datena?
Necas de pitibiriba!

O melhor que terás que fazer menina
É se render...
Pois fique sabendo, desde já
Que qualquer dia desses
Esta minha alegria bandida
Vai te tomar de assalto
Em qualquer esquina do mundo.



Caranguejúnior

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

CORDEL - O CASO DA FADA CATRAIA


Esse caso se passou
Num sertão quente danado
Lá pras bandas do Araripe
Que não tem ar condicionado
Que segure o calor
Esse caso quem me contou
Foi um cabra sem pudor
Chamado Zé tremelique

Me contou esta anedota
Dizendo que não era mentira
Dizendo que não era chacota
E eu partindo uma embira
Falei que ia ouvir
Disse ter visto o saci
Debaixo do pé de buriti
Conversando com o curupira

O curupira chorava
Olhando para o chão
Dizendo: "era verdadeira
A minha grande paixão"
O saci o consolava
Dizendo: "deixe de besteira
Se não eu puxo a peixeira
E te dou uma lição”

“Essa fada é foda”
Reclamava o curupira
“Agora virou moda
Provocar a minha ira
Isso muito me incomoda
Me deixou a ver navios
Num lugar que nem tem rio
Só tem pé de macambira”

O saci dava risada
Do drama do colega
“Essa fada é safada
Já nem tem mais prega
Deixe de seu aperreio
Que lá na gruta do meio
Até eu já peguei
Aquela fidumaégua”

“Cala boca seu cabra!”
Retrucou o curupira:
“Vê se a língua tu dobra
Tu já tá na minha mira
Seu amigo da cobra
Vou lhe dar uma rasteira
Se tu falar besteira
Da minha fada zumira!”

“Deixe de lenga lenga
ô corno brabo da gota!
Essa fada é uma quenga
Tu tens que parti pra outra
Bora pra casa de Rapunzel
Ela mora ali na esquina
Depois do cabaré de dona Dina
Na estrada que vai pro beleléu”

O curupira inconformado
Só fazia resmungar
O coração mal amado
Pobre desconsolado
Nem queria palpitar
“Porquê eu fui chifrado?
O casamento tava marcado
Acho que vou me matar”

O saci se arretou
“deixe de besteira”
Na mesma hora gritou:
"Mas que lezeira?
Essa fada é da vida
Ontem ela tava no forró
No rala bucho com socó
Paquerando um druida” 

O curupira murmurou:
“Meu amor era verdadeiro
E ela não acreditou
Me traiu com um boiadeiro
Vou tomar um velho barreiro
Tô sofrendo de solidão
Vou beber o dia inteiro
E dormir aqui no chão”

“Pare com isso curupira
Deixe dessa bestagem
Desse jeito tu me pira!
Pra mim já é viadagem
Parece um grilo, só cricrila
Bora simbora pra rua
Jogar pedra na lua
Pra melhorar tua ira”

A proposta do saci
O curupira aceitou
“Com tu eu vou seguir
Essa fossa já passou
Simbora se divertir
Quero é mais curtir!
Não vou sofrer por amor”

“É assim que é”
Comentava o saci:
Pulando num só pé
Feliz a sorrir
“Tanta gente por aí
Do Oiapoque ao Chuí
O que não vai faltar é muié”

Disse o zé tremelique
"Valei minha Nsa. Senhora!"
Que não sabe o fim da história
Os dois saíram num pique
Por trás de um pé de xique xique
Tá curioso até agora

Os dois saíram desembestados
Mato adentro, desviando dos cipó
O curupira com os pés pra trás
O saci numa perna só
Quem nem dos animais
Rindo que nem abestados
Do episódio revertido ao pó

Zé tremelique reclamou
Que o fim da saga de desamor
Tava prestes a desvendar
Quando o garçom gritou:
“Ô bêbo! o bar vai fechar!
Levanta tua bunda daí
Vaitimbora, saí daqui
Que eu quero arrumar”

Fiquei brabo
Virado no giraia
Era tudo boato
Daqueles cheio das gaia
Fiquei um tempão ouvindo
E ele só mentindo
Do caso da fada catraia

Não passava de um sonho
No balcão de um bar
E aquele cabra medonho
Fez eu acreditar
Mais confesso, muito sorri
Com a história que ouvi
E que acabei de contar



Caranguejúnior