segunda-feira, 28 de maio de 2012

O HOMEM BOMBA


Da janela da pensão, ele via a via abaixo, a tensão do protesto que já tomava conta das ruas, as caras e caretas dos manifestantes manifestados, era o reflexo da primavera Árabe naquele país. Crianças, jovens, adultos e velhos marchavam sobre o asfalto quente de Islamabad naquela tarde avermelhada e seca. Os soldados e os policiais já estavam posicionados, armados até os dentes e prontos para qualquer confronto.

Deu três beijos no alcorão. Pronunciou umas palavras esquisitas, tomou o copo d’água que estava em cima do criado mudo. Acendeu um cigarro, Marlboro, pra variar. Enxugou o suor da testa com a mão esquerda, colocou o casaco cinza, o abotoou deixando abertos apenas os dois botões de cima e saiu do quarto.

Caminhou até a rua, em passadas tranquilas para não despertar suspeita. A rua estava entupida de gente gritando palavras de ordem. Passavam das duas horas da tarde, já se aproximava o horário da terceira oração do dia, a Salát Al-Açr. A mesquita de Faisal, no centro da cidade, já estava cheia de fiéis. Lugar sagrado e nem um pouco harmonioso. Esperou na rua, próximo a uma banca de feirantes, o sinal. 

Quanto mais se aproximava da hora, mais sua respiração ficava ofegante. A tensão aumentava. A adrenalina possuía seu corpo. Lábios tremiam. Suas mãos suavam. A garganta secou. Não podia desistir. Aquele era o momento. Já estava tudo certo. Foram meses de planejamento, meses de oração solicitando proteção e coragem a “Alah”. Não podia decepcionar a si próprio. Aquilo tinha que ser feito, em nome de sua paz.

O Sinal, o ônibus de turistas. Pessoas desembarcavam, caminhavam em direção a mesquita. Ele pronunciou novamente as palavras esquisitas, puxou o casaco para frente e abotoou os botões que ficaram abertos. Era uma tarde quente, mas ninguém notou aquele homem, de barba por fazer, com um casaco cinza, como se escondesse algo. Parado. Vigiando o quarteirão.

Começou a caminhar em passos trêmulos. O lugar marcado era a entrada da mesquita. Naquele momento ele não ouvia mais os gritos e nem notava a multidão de manifestantes ao seu redor que já estava em confronto com os soldados e a polícia. Suava frio, enxugou o suor da testa com a mão esquerda. Olhava fixo para o lugar marcado. Ao chegar naquele local, hesitou. Pronunciou mais uma vez as palavras esquisitas, dessa vez com mais fé e em alto e bom som, e foi... Parou. Fechou os olhos... Respirou bem fundo e... A chamou pelo nome.

Ela estava de costas, na entrada da mesquita, com um manto azul na cabeça, lábios rosados e cheirava a alfazema do campo. Linda, como ele imaginara, muito bela. Depois de meses trocando e-mails, meses de planejamento, enfim, os dois puderam se olhar, estavam frente a frente. 

Não era um lugar adequado para um encontro, mas ela como boa repórter, gostava de adrenalina e de correr riscos. Também queria conhecer Islamabad como era, seu povo, suas crenças e seus perigos.

Ele tímido, ainda suando frio, abriu o casaco e entregou-lhe o buquê de gérberas que havia comprado. Ficou por minutos olhando aqueles olhos azuis celestes e ouvindo-a contar de sua viagem. 

Mal se conheciam, mas ele já sabia que aquela "mina" iria deixá-lo nos ares...





Caranguejúnior

sexta-feira, 25 de maio de 2012

POEMINHA CONSERVA-DOR




A dor que sentia
No peito
O poeta sempre a transformou
                                    Em Poesia

Fez versos
Haikais, sonetos
                  
                       Odes à dor


Até que um dia
A dor tornou-se crônica.


Caranguejúnior

quarta-feira, 23 de maio de 2012

TIMELINE


Graças ao Facebook 
Agora temos a linha do tempo
                                  (Sem cerol)

Falta-me apenas
Uma pipa da hora
Para passar os minutos ociosos
                                          Mandando busca...






Caranguejúnior

sábado, 19 de maio de 2012

FACEFUCK


Ele a cutucou
Bem cutucado
Curtiu, curtiu e curtiu
Depois, sumiu!

E ela... nunca mais o viu.

Hoje se ouvem
Os piores comentários sobre ela

 (Dizem que no bairro
 É a mais compartilhada)





Caranguejúnior

sexta-feira, 18 de maio de 2012

CRÔNICA UM TANTO CRÔNICA DE DESANIVERSÁRIO


No dia 16 de maio de 2007, criei este blog, cinco anos se passaram e eu ainda continuo a postar coisas aqui neste local de escape.

   Comecei este blog meio que sem querer, em 2007 já morava em SP. Naquele ano ainda não escrevia muito, as poucas coisas que me arriscava a escrever, deixava guardado em um caderninho que tenho até hoje. Não tinha internet em casa, nem computador, então o que me restava eram as Lan Houses, onde podia entrar nas redes sociais e manter contato com os meus amigos e familiares de PE. Gostava muito de ler os poetas de Recife, como Miró, França, Valmir Jordão, Ericsson Luna, e outros que tive o prazer de conhecer a arte, lá em Recife. No caso de Miró, morávamos no mesmo bairro e sempre o via vendendo seus livretos pelas ruas de Muribeca e sempre pegava uns para ler. Ficava muito feliz quando lia aquelas poesias cotidianas lá em Muribeca, na época já gostava de Leminsk, pelas ideias rápidas e sacadas poéticas. Ler poemas como os dos poetas de Recife, foi motivador e inspirador para meu aprendizado.
    Mas... voltando ao blog, comecei este por conta de uma menina mulher que conheci no Café Aurora, no Bixiga. Estava lá com meu amigo Fabão, bêbados, pois era noite de open Bar e muito rock, comecei a conversar com esta mulher, nem lembro o nome dela, mas a dita cuja também escrevia poemas, então entramos nesta conversa poético-etílica até quase o amanhecer, e ela me falou que gostaria de ler os meus escritos, explicou que existiam blogs para isso. Na verdade, eu já tinha ouvido falar de blog, mas nem sabia do que se tratava. Pois bem, na semana seguinte fui até uma Lan House em Osasco e decidi criar o danado deste blog e passei o endereço para a garota via Orkut. Nem sei se ela entrou para ver o blog.
   Neste meio tempo, conheci outros doidos varridos, irmãos, amigos, que convivo poética mente, como os Poetas do Tietê. Muito aprendi com esses cabras, aprendi a ver beleza e a perdição nas paredes e asfaltos de SP, e o mais importante, aprendi o que é poesia. Aprendi que poesia é você sair num sabadão de casa, fazendo calor ou frio, pra ir gravar um vídeo, ou se encontrar em algum lugar da cidade, com um microfone e uma caixa amplificadora e soltar o verbo, mesmo com poucos prestando a atenção. Poesia é você sair com a cara pintada, um megafone debaixo do braço e parar numa esquina de São Paulo, gritando poesia. Poesia é você sair de casa, sem vontade de fazer porra nenhuma, pois sua semana foi daquelas, o chefe no trabalho botando pra F...  E mesmo assim, você ir se encontrar com uns poetas doidos, só para tomar umas cervejas no bar, conversando sobre qualquer coisa. Pessoas são poesias, cidades são poesias, trabalho é poesia... E poesia é só pretexto para ver os amigos. Isso é poesia.
   Cinco anos passaram-se e aqui ainda estou postando abobrinhas e jerimuns. Nestes cinco anos muita coisa mudou, inclusive meu jeito de ver a vida. Gosto de tocar o foda-se, misturar as linguagens, as ideias e jogar no ventilador, sem receio de saber se é poesia ou não, sem medo. Não sou nenhum escritor consagrado, sou apenas um doido com ideias doidas, pensamentos doidos, que posta esta doideira toda num espaço de bits e bytes pra ver se alguém se identifica ou não. 
   Meu desejo é que eu não fique preguiçoso e rabugento e que pare de postar, criar e ter ideias. Vamos ver se consigo manter este hospício funcionando mais cinco anos.

Vamo que vamo!

Caranguejúnior





Caranguejúnior

quarta-feira, 16 de maio de 2012

DICAS PARA OS DIAS FRIOS


A um:

Mãos
5contra1
Limão e
Rum
Ou conhaque de alcatrão


A dois:

Cobertor de orelha
Colo e cafuné
Pé com pé
Mão e mãos
Fricção
       Respiração...



A três:

Imaginação
Transpiração
           (Imagina a ação?)
 




E como nada disso eu segui, queimei a língua 
No quente chá mate (ou morra)

ORA PORRA!







Caranguejúnior

segunda-feira, 14 de maio de 2012

FINDO ÍNDIO (TRIBO TAKUKUNAMÃO)



Peri está por aí...
Nas ruas do centro
Cabisbaixo, sem sorrir
Vagando, perdido
Dizem que enlouqueceu
Quase virou bandido
Vive de esmolas, no breu
Sem rumo, sem itinerário
Pois foi expulso de suas terras
Pelos latifundiários 

Enquanto Ubirajara dá um trampo
De engraxate na Sé
Pra ganhar um troco, no tranco
Do almoço ou do café
É ignorado como brasileiro
Toma todas, cheira um branco...
E perde seu pouco dinheiro
No jogo de baralho
Pois foi expulso de suas terras
Pelos latifundiários 

Já Iracema mora no Jaraguá
Com seus seis Curumins
Em uma tribo de lá
Passa perrengues, tempos ruins
Recebe o “bolsa família”
Que mal dá pra se virar
Vivem de migalhas, vazias vasilhas
Chora, por nada ter no velho armário
Pois foi expulsa de suas terras
Pelos latifundiários

Macunaíma o “Herói”
Anda mais sumido
Do que a FUNAI
Pelo céu cinza, foi vencido
A poluição do ar
O mantém escondido
Lá no vasto firmamento
Faça chuva ou luar,
Passa despercebido
Em nossos pensamentos

E nos olhos de Raoni, o cacique
Rolam lágrimas de tristeza
Ata, protesto, motim, chilique
E nada foi o suficiente
Para proteger a natureza
Da ambição do homem, Infelizmente
A dor maior de sua vida
É ver um “Belo monte” de árvores caídas
“Belo monte” de terras invadidas
E ver a guerra perdida

E o povo Guarani sofre
Nas terras Brasileiras, massacre
Sem terra, sem sul, sem norte
No Amazonas, Mato Grosso, Acre...
Sem demarcação, paz e sorte
Humilhação em toda parte
Massacrados em vários cantos
Pela polícia e legislação federal
No futebol, "O Guarani" perde pro Santos
Na final da decisão estadual

Os Índios são sempre passado
Nunca presente
Vivem isolados, abandonados
Sem futuro, sempre ausentes
O homem branco mata
Maltrata e tortura
E os índios seguem em busca da cura
De serem respeitados, como PESSOA
Sonhando em ter de volta
Suas vidas boas, Villas Boas.





Caranguejúnior

sexta-feira, 11 de maio de 2012

O DIANTHUS CARYOPHYLLUS E A ROSA XGRANDIFLORA



Eu cá reguei você aqui
Rosa
No jarro do meu Cardíaco muscular

Dei-te água, comida e pé tala lavada
Um lar...
Empregadas, mordomo (sexual-homo)
Johnny Walker, White Horse, Domus
Caro carro ao invés de burro
Piscina, sauna
Fauna e flora

Dei-te o sol, vento, chuva
Kiwi, Pêssego, uva
“Eu era a raposa”
Querendo sua vulva

Deitei e dei-te coro
Curto e grosso
Grande e fino (de grã-fino)
Cabra macho, nordestino

"Mulher nova
Bonita e carinhosa"
Fogosa!
Cheirosa igual uma flor
Gostosa tu eras, Rosa
Fizeste-me gemer
Sem sentir dor

MAS...
Fugistes com o Jardineiro
Que te colheu
Acolheu
E te comeu...

Traíste-me Rosa
Em verso e prosa
Fizeste-me de escravo
EU, um pobre cravo

E como a estória do mau lobo
Eu fiquei bobo, de novo
E nas ruas da amargura
Estou na boca do povo

Hoje, das piadas, só corro...
Socorro! Socorro!

- Olha mainha, lá vai o Cravo
- LAPA DE CORNO!





Caranguejúnior





quarta-feira, 2 de maio de 2012

PREVISÃO METEU ROLÓGICA


 
Deu a louca em São Pedro!

Pedrão não sabe se deixa o freezer do tempo ligado ou desligado.
Ora o liga... ora o desliga.

Por isso que muitas pessoas apodrecem.




Caranguejúnior