segunda-feira, 4 de outubro de 2010

APENAS UM POETA



O poeta é um fingidor
É uma farsa
Uma farpa nas mãos de um rei
O poeta é uma verdade mentirosa
É uma mentira verdadeira

O poeta é uma fraude de Freud
É sem explicação
É um cisco no olho
É a porta sem ferrolho
O poeta é o caos do silêncio

O poeta é o grito de dor
É a semente da flor
É o raio que o parta
O poeta é a máscara caída
É o beco sem saída

O poeta é a tristeza da alegria
É a fuligem da cidade
É a vertigem da verdade
O poeta é o ladrão de sonhos
É a contramão da avenida

O Poeta é o tumulto da calmaria
É a paz da anarquia
É a dança sem música
O poeta é a música sem dança

O poeta é a bala perdida
É o fio da vida
É a ilusão de ética
O poeta é o erro de estética

O poeta é o que se quebra
É o que desperta
O poeta é apenas
Um poeta

 
 
Baseado no Poema "Autopsicografia" de Fernando Pessoa
 
 
 
 
 
 
Caranguejúnior

Um comentário:

André Diaz disse...

Porra! O poeta é uma puta coisa doida, hein, Jr?