quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

POÉTICA URBANA DOS PÁSSAROS

Enquanto isso nos labirintos da Cidade de Pedra...


O Beija flor
Beija flores de plásticos
Penduradas nas sacadas dos arranha céus
Sugando néctar industrializado
Garapa de açúcar e água clorada
Pois hoje, as flores que costumava beijar
Petrificaram como os corações dos homens
Solitário como os suicidadãos da cidade
De varanda após varanda
Segue sua rotina
De beijar e beijar
E voar pela selva petrificada


Os Pardais seguem na sua disputa diária
Com os Pombos
Por um lugar na sombra de um telhado mofado
Por uma migalha de pão e lixo
Por uma pipoca que caiu da mão da criança
Esperto como tais Pardais
Os Pombos não gostam que lhe passem
Para trás
Mostrando que a malandragem
Tem asas
E a PAZ não é tão branca assim...


Enquanto que o Quero Quero
Exigente ...
Com cada vez mais quereres
Grita!
Não se contenta com tamanha invasão
De ruas calçadas prédios pontes lojas gente
Asfalto quente
Brita viga coluna cimento
Muito pouco sentimento
Sendo plantado nos lugares das árvores
Das gramas das ramas
E o Quero Quero
Continua querendo
Paz no seu ninho empoeirado...


O único que ver a beleza
É o Bem-te-vi
Sempre bem vendo tudo
De cima das antenas
Paranóicas da urbanicidade
Entoa seu canto sem o menor esforço
Nos primeiros raios de sol do dia


E o Sabiá?

Esse nem se vê mais por essas bandas
Aprendeu a assobiar
E se mandou...






Caranguejúnior

Um comentário:

André Diaz disse...

E assim se sente o poeta! Um pássaro deslocado, e doido pra voar desse caos! Voar nas alturas da poesia!