Minha terra tem Palmeiras
Pau Brasil e Ypê
Tem rio São Francisco
Amazonas Tietê
Tem Piracema
Tambaqui e pirarucu
Minha terra tem lagoa
Onde coacha o cururu
Não tem terremotos
Nem Tsunamis
Em compensação tem miséria
Violência, derramamento de sangue
Fome...
Os homens que roubaram no passado
Também roubam no presente
Minha terra não tem
Salário mínimo decente
Os pobres que aqui são pobres
São pobres iguais aos de lá
Os ricos que aqui são ricos
Vivem uma vida de marajá
Minha terra tem gente
Que não tem nem onde morar
Minha terra tem mata atlântica
Difícil é vê-las por lá
Muitas foram derrubadas
Viraram madeira pra mesa e sofá
E os sabiás são sem tetos
Que ficaram sem seu canto
E sem cantar
Minha terra tem muito bandido
Do branco colarinho
Kassab, Sarney, Dirceu
Tudo cobra do mesmo ninho
E o povo no meio disso tudo
Só tomando no C_ cafezinho né...
Nosso céu tem mais cinzas
Nossa quebrada mais drogas
Nossos bosques em extinção
Nossas vidas... Paciência
Minha terra, velho...
É isso aí
Desculpe Gonçalves Dias
E Oswald.
Mas o exílio é aqui.
Poema escrito durante a Papoetaria do Tietê, no Museu da Língua Portuguesa na exposição "O culpado de tudo" que homenageou Oswald de Andrade em 10/12/11.
“Minha terra tem Palmares
Onde gorjeia o mar”
Poesia Pau Brasil - Oswald de Andrade
Caranguejúnior
Um comentário:
Gosto do jeito como vê as coisas e de como manipula as palavras, poeta! Sempre bom passar por aqui!
Abraço,
Macabéa!
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