segunda-feira, 23 de julho de 2012

O DIA EM QUE MATARAM ODETE ROITMAN



No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sorri, nem chorei...
Nenhuma reação de tristeza ou alegria esbocei
Com os olhos arregalados, só observei...

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sabia o que era homicídio ou Crime
Eu era acostumado com balas XaXa e 7 Belo...
Nem sabia da existência de balas que perfuravam corpos

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sabia que a morte era televisionada
Que a dor passava em horário nobre
E haviam muitos telespecta-dores...

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sabia o que era vingança, assassinato
Eu era acostumado com desenhos animados
No qual o gato fugia do rato...

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sabia que a violência era tão violenta
Que podia entrar na minha casa
Sem autorização, sem pedir licença

Mas infelizmente hoje eu sei
                                   Hoje eu sei...

E ainda nem sei se a policia prendeu Leila
Se ela conseguiu um Habeas Corpus
Ou se ainda está impune
Andando por aí tranquilamente...

Nem sei se a Cassia Kiss (ou não) matá-la
Nem sei!

Só sei que hoje eu sei...

Hoje eu sei que, como antes
Tudo vale, VALE TUDO
E a vida não tá valendo nada...

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu nem sabia da existência da pena de morte
Hoje eu também não sei
Se existe a pena da vida... 

No dia em que mataram Odete Roitman
Eu só tinha cinco anos, porra!



Caranguejúnior

Um comentário:

André Diaz disse...

Muito bão, Junião! 5 aninhos, tempo bão! Não sacávamos a realidade cruel. Mesmo essa impregnada na ficção!