Sonhei que era o cigarro de Clarice
Toda vez que ela tragava Minh’alma
Via as palavras brincando em sua boca
Formando versos de fumaça
Seus pulmões eram o Playcenter
Hopi Hari, Happy Air!!
Toda vez que ela soltava-me
Meu espírito voava como poesia ao ar
Sonhei que era o Cigarro da Lispector (a Clarice)
Ela estava sentada
Em sua poltrona na sala
Pensamentos longínquos
Fumaças ao ar
Não havia nenhum passivo fumante
Que pudesse me inalar e estragar
Aquele instante vicioso. Ela e eu, só.
Sonhei que era o cigarro da Lispector
Eu, entre seus dedos
Morria devagar
Manchado de batom
Definhando aos poucos
E ela nicotinamente relaxando
Sua brilhante mente
Brilhantemente
Sonhei que era o cigarro de Clarice
Aquela flor de Liz(pector)
Observei-a escrevendo um poema
Um poema sonhador, um poema Souza Cruz
E meus olhos em brasa de mero cigarro aceso.
Sonhei que era o cigarro de Clarice Lispector
Foram três minutos de ápice
De repente, Morri
Deixei restos de mim em seu ser
Enfisemas poemas taquicardias poesias
Acordei suado e amando
Pois naquele cinzeiro
Que ela me apagou
Existiam vários “eus” depositados
Que foram extintos em seus lábios
"Escrevo como se estivesse dormindo e sonhando: as frases desconexas como no sonho. É difícil, estando acordado, sonhar livremente nos meus remotos mistérios."
Clarice Lispector
Caranguejúnior
4 comentários:
Porra! Tá de parabens!! Muito bom!
E eu que nunca vi o Jr fumando... Se não for mesmo fumante, entende tudo! Parabéns!
Poema bacana e estiloso.
Eu não fumo, mas fiquei com vontade de ascender um Marlboro em homenagem a ele.
Já sonhei com Clarice ( a Lispector) diversas vezes - sua poesia em prosa, em veneno, em crueza e verdade me inspiram!
Gostei do poema e do blog!
Seguindo!
Abraço
Camila Paula
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